Cerro Guanaco – a trilha mais difícil do Parque Nacional Tierra del Fuego

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Uma das vistas mais lindas do Ushuaia

Um dos pontos turísticos mais importantes do Ushuaia é, sem dúvida, o Parque Nacional Tierra del Fuego (Terra do Fogo). Com uma área de 63mil hecatres, a 12km do centro da cidade, o lugar reúne no mesmo lugar montanhas, lagos e bosques. Dentro do parque está o fim da Ruta N3, que corta a Argentina de Norte a Sul. Além disso, ele é banhado pelo famoso Canal Beagle (aquele que você aprendeu na aula de geografia, que liga o Oceano Atlântico ao Pacífico, por entre ilhas).

A entrada do parque para estrangeiros custa em torno de 350 pesos argentinos (mas é bom se informar). A gente alugou um carro para facilitar o deslocamento. No entanto, há várias agências que oferecem o transporte aos turistas – levam pela manhã e buscam no fim da tarde.

Apesar de “apenas” 2 mil hectares estarem abertos ao público, o parque ainda assim é gigantesco. Por isso, escolhemos fazer logo uma das trilhas mais longas – a do Cerro Guanaco – assim veríamos mais da natureza, da topografia e gastaríamos um pouco mais de calorias para poder se jogar na comilança da cidade.

A trilha do Cerro Guanaco começa próximo ao Lago Roca, que, por sinal, é lindíssimo. Aquela paisagem tradicional das cordilheiras: um lago, o verde da mata e as montanhas nevadas ao fundo. Lindo demais.

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Uma paisagem espetacular com o Lago Roca ao fundo.

No verão, é menos frio, mas lá sempre bate um vento cortante. Então, é bom ir preparado com Anorak e roupas pra frio (leve dentro de uma mochila!). A gente não estava muito preparado não (e fez falta). Na verdade, eu achava que iríamos fazer apenas uma caminhada longa, mas de leve. Até porque tínhamos virado a noite nos aeroportos. Doce engano. O Tomaz tinha planejado tudo para subirmos a primeira montanha.

Por não saber maiores detalhes, fui de tênis e legging. Já aviso: é bom sempre usar uma bota impermeável por lá. No inverno, vai proteger da neve e do frio. No verão, vai proteger do charco, do barro e da neve mais derretida. Além disso, leve uma mochila com uma pouco de água e algum lanche. Nunca é demais se prevenir.

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A placa já indica que não é fácil não…

Nós fomos no verão (dezembro). O bom é que nesta época anoitece depois das 22h, ou seja, é possível aproveitar muito bem os passeios sem medo de que vai escurecer logo. Por sinal, começamos nossa subida no início da tarde, quando já não é aconselhável.

A trilha começa em meio ao bosque de lengas, uma espécie muito comum de árvores na Patagônia e na Cordilheira dos Andes. Elas deixam um clima bucólico ao caminho. A trilha tem cerca de 10km de ida e volta. No início, você sobe, sobe e sobe. A subida é íngreme e cansativa. O frio vai passar rapidamente. Eu não estava acostumada e precisei dar umas paradas de leve para beber água. No meio do caminho, peguei um galho mais rígido para fazer de “bastão”, assim alivia um pouco o esforço no joelho.

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A trilha é bem demarcada. Não tem como se perder no bosque!

Depois de uma sequência de bosques e vegetação, a paisagem abriu e a gente se deparou com campos. Pelo caminho, tivemos que passar por trechos com muito barro, mas muito mesmo. É que no verão boa parte da neve derrete, e a terra fica muito molhada. Após o barro, veio o charco. E aí não teve jeito. Os pés ficaram totalmente molhados.

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Apesar da trilha ser pesada, aproveita e curta. Tire muitas fotos!

Após um trecho mais plano, voltamos à subir. Desta vez, a ladeira era ainda mais íngrime e em meio a muitas pedras soltas. É preciso seguir a trilha, que é muito bem demarcada. Ainda havia muitos pontos de neve. Por isso, é preciso prestar atenção e pisar pelo calcanhar com mais força para não escorregar. Esta parte final da trilha é bem desgastante.

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Parte final da trilha é mais exposta e tem muitas pedras soltas. Cuidado!

Depois de 3h de sofrimento, chegamos ao cume, que fica quase a 1.000m de altitude. Lá no alto, ventava muito. Depois de passar calor em vários momentos, congelamos. Tivemos que colocar toda roupa que tínhamos levado. Mas faltou a luva. A vista é fantástica. É possível ver o Canal Beagle, a cidade e as montanhas ao redor. Fascinante.

Tiramos as fotos e, em seguida, pegamos a trilha de volta. Na descida, o vento estava ainda mais gelado, até porque já era início da noite (apesar de estar bem claro). Aproveitamos para descer de bunda alguns trechos de neve, assim poupamos tempo e ainda nos divertimos.

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A vista lá de cima é sensacional!

O tempo estimado para completar é trilha é de 7h-8h. Nós fizemos em 5h30. Foi bem cansativo. Não é por menos que ela é considerada a trilha mais difícil do parque.

Para encerrar o dia de aventuras, claro, conhecemos outro ponto turístico do parque – a Baía Lapataia, onde está o fim da Ruta N3. Como meus pés estavam encharcados e congelados (e cansados! ahahaha), preferi caminhar o mínimo possível. Mas é tudo imperdível.

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Fim da Ruta N3!

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