Conhecendo o Canyon Fortaleza por dentro – A Trilha do Tigre Preto

Ao fundo, as muralhas do Canyon Fortaleza

Resolvemos passar um fim de semana fazendo trilhas em Jacinto Machado, município catarinense a cerca de 20km de Sombrio. A cidade é o principal acesso para o Cânion Fortaleza. Segundo a secretaria de turismo de Santa Catarina, ele é o maior da região e um dos maiores canyons do Brasil, com 7,5 km de extensão e 1.157 m de altura. Jacinto Machado se tornou uma refúgio da natureza, de agricultores (de arroz, banana e maracujá) e um parque de diversões para os amantes de aventuras.

O acesso ao interior de Jacinto Machado


A CHEGADA:

A viagem de Porto Alegre a Jacinto Machado durou cerca de 3h. O acesso ao município é bom, mas, para chegar no interior da cidade, é preciso encarar um trecho de estrada de chão. Não é necessário um veículo 4×4, mas se prepare para chacoalhar! Nossa primeira trilha foi a do Tigre Preto, que percorre o Rio da Pedra, aquele rio que corta a fenda do Canyon Fortaleza.
O nível de dificuldade é considerado médio a alto. Exige um bom condicionamento físico, e é preciso fazer a trilha com guias credenciados da região (em seguida, deixo dicas pra vocês).

O QUE LEVAR:

A trilha do Tigre Preto é “parecida” com a do Rio do Boi (que ingressa no Canyon Itaimbezinho), mas bem mais difícil. Para fazer este trekking, é necessário utilizar roupas adequadas. Vi gente fazendo com shorts, top e calçados leves. Não custa se prevenir, né? Procure usar calça resistente (eu usei um jeans mais maleável), um tênis ou bota com solado duro antiderrapante (para aguentar caminhar entre as pedras do rio e escorregar menos), uma camiseta de manga curta (para proteger mais o corpo dos mosquitos), um boné, caneleiras (os guias fornecem e servem como proteção contra cobras e até batidas), além de uma mochila com itens básicos pro mato e pra água (repelente, roupa pra banho, um casaco impermeável).
Não esqueça de levar um lanche! Você estará em meio à natureza e não há qualquer estrutura. É vida selvagem mesmo. A gente levou sanduíches (hmmmm… com frango, abacate, salada e ovo), pé de moleque e água (muita água).

A TRILHA:

A maioria dos guias faz a ida por dentro do rio e volta pela trilha da mata. A parada costuma ser no Poço do Beija Flor, onde o banho é ótimo. São cerca de 8h de caminhada no total.

O famoso Poço do Beija Flor

A gente mudou um pouco, o que aumentou a distância. Começamos pelo rio e depois entramos na trilha da mata. Ao longo do caminho, fizemos paradas em 3 diferentes poços para se jogar no rio! A água é gelada, mas no verão, em meio àquela umidade e suador, é uma delícia. Um refresco para seguir em frente! Fomos até o famoso Poço do Beija Flor, onde está uma enorme pedra. Muitos pulam de lá direto no poço. Eu não tive coragem.

A gente seguiu apenas alguns metros adiante pelo rio para avistar um pouco melhor a paisagem do canyon. Aqueles paredões lembram muralhas, uma legítima fortaleza (não é por acaso o nome!).

Voltamos pela trilha em meio à mata e finalizamos o último trecho pelo rio para dar uma refrescada final. Só pra constar que andar pelo leito das águas não é muito fácil. Primeiro, porque você vai ficar beeem molhado (calça, meia, sapato, caneleira), o que deixa tudo mais pesado. Segundo, porque não é estável, há várias pedras de diferentes tamanhos (muitas soltas) e exige um certo equilíbrio. Mesmo com o nível do rio baixo, muitas sã escorregadias. Por vezes, é até mais fácil ir por dentro do leito, pisando entre as pedras. E atenção: é muito fácil escorregar e cair. Eu levei um tombo (sem gravidade, mas bem molhado) e esbarrei em várias rochas (o que deixou uma coleção de hematomas).

Não é muito fácil caminhar pelo rio

VIDA SELVAGEM:

Por dentro da vegetação, nos deparamos com várias teias de aranhas. Algumas enormes! Eu tenho fobia e confesso que foi meio difícil. Quase uma terapia na marra! Várias delas montam as teias no meio do caminho e, num descuido, você atravessa e leva tudo com a cabeça. Então, o Tomaz ia na frente e deslocava as teias para a lateral, para não prejudicar os insetos (até porque somos nós os invasores da casa deles, né?). Para mim, isso foi bem tenso.

O paraíso das bromélias!

Mas o pior ainda estava por vir! Na volta, me deparei com uma enorme cobra – uma jararaca. Para quem acha besteira usar caneleira, está aí a prova. O Tomaz, com seus 15 anos de experiência, só tinha avistado cobras pequenas. Eu consegui ficar frente à frente com uma das mais peçonhentas. Não consegui manter a calma e saí correndo no sentido contrário. Não foi lá um encontro muito desejado e amistoso, mas aconteceu. Por isso, sigam as recomendações dos guias sempre.
Por toda trilha, vimos aves lindas, famílias de bromélias e orquídeas e, infelizmente, lixo. Sim, lixo! Pelo amor de Deus! Leve sempre todo lixo embora, não deixe nada no local – a não ser as suas pegadas. A gente carrega vários saquinhos na mochila e vai recolhendo o que encontra no caminho.

VEJA TAMBÉM:

Trilha da Serra da Pedra – a subida do Canyon Fortaleza
Vida Artesanal – uma pousada para curtir a natureza e alimentação orgânica


DICAS DE GUIAS:

Conhecemos o Luiz Fernando, da TecTur (www.tec.tur.com.br), o Sérgio do Na Trilha dos Canyons (www.natrilhadoscanyons.com.br), e o Leandro da Pousada Vida Artesanal (procura lá no Face – Vida Artesanal, ou mande whats por 48-9680.8401). Os valores ficam em torno de R$90 e dependem da extensão trilha e do tamanho grupo.

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