No segundo dia em Jacinto Machado, decidimos fazer aTrilha da Serrada Pedra, conhecida também como Trilha dos Tropeiros. O nível de dificuldade é alto.
Segundo a prefeitura da cidade, esta trilha é primitiva e foi construída pelos índios. A partir de 1728, passou a ser usada como rota comercial entre o sul do país e São Paulo. O caminho começava lá em Morro dos Conventos e, depois, seguia o Rio da Pedra e subia a encosta da Serra Geral. Foi muito utilizada pelos tropeiros.
A trilha existe até hoje. Infelizmente, há trechos com muita erosão, barro e lama, o que dificulta a passagem. São cerca de 18km ida e volta (dependendo do quanto você caminhar lá em cima), num total médio de 8h de caminhada.
É importante contratar um guia credenciado, porque é fácil se perder, em especial no início da trilha entre os bananais. Todo início – ou seja, cerca da metade do percurso – é uma longa e interminável subida. Você sobe mais de 1.000m de altitude. O trekking exige um bom condicionamento físico e muscular.
No início da trilha, a estrada de chão é cheia de pedras e barro. Depois, passa por propriedades rurais com criação de gado. A trilha é bem demarcada em meio aos campos e a vegetação rasteira.
O último trecho é dentro da mata fechada. Como a umidade é maior, e o sol tem dificuldades para entrar, o caminho é molhado, com pedras escorregadias e mais lama. Muita lama mesmo! Em alguns pontos, afundei o pé e quase atolei.
Caminhar pelo barro, lama e pedras morro acima não é fácil. Eu tenho um certo condicionamento físico e, mesmo assim, foi sofrido. Ao fim da trilha, a mata se abre, e a vegetação fica mais rasteira. Pronto, ali você está no alto de uma das pontas do canyon Fortaleza.
No verão, época em que visitamos o local, a viração é comum (uma névoa formada por umidade + variação da temperatura do solo e atmosfera) que encobre os morros. Ou seja, quando chegamos lá em cima, pouco conseguimos avistar da paisagem.
Se sobrar fôlego, é possível caminhar pela trilha que segue sobre o morro, e vai margeando o canyon. Eu estava bem cansada e sofrendo com o calor. Portanto, seguimos poucos quilômetros e decidimos comer e descansar. A sorte é que estava nublado. Se tivesse sol, ia ser muito sofrimento.
Em seguida, retornamos morro abaixo. O fato de ser descida não facilita tanto, principalmente por causa das pedras escorregadias, do barro e da lama. Pegamos galhos no caminho e fizemos de bastão para dar apoio extra. Eu sou a campeã dos tombos e, portanto, prefiro ir devagar mas com passo contínuo.
Nesta trilha, não tem banho. Mas encerramos a aventura enxarcados de suor, com pés e calça cobertos de lama e muitas picadas de mosquito.
É recomendado ir de calça, um tênis com solado antiderrapante, camiseta com manga curta (me arrependi de usar uma mais cavada) e boné/chapéu. Levo sempre na mochila um casaco para chuva. O tempo muda rápido, e uma chuvarada pode dar frio. É bom levar também repelente. Eu sou alvo de mutucas e borrachudos e preciso repassar várias vezes. Ainda assim, voltei com uma constelação de picadas (já o Tomaz, sem repelente, com quase nenhuma).
VEJA TAMBÉM:
Conhecendo o Canyon Fortaleza por dentro – A Trilha do Tigre Preto
Vida Artesanal – uma pousada para curtir a natureza e alimentação orgânica
DICAS DE GUIAS:
A gente conheceu alguns guias. O Luiz Fernando, da TecTur (www.tec.tur.com.br), o Sérgio do Na Trilha dos Canyons (www.natrilhadoscanyons.com.br), e o Leandro da Pousada Vida Artesanal (procura lá no Face – Vida Artesanal, ou mande whats por 48-9680.8401).